Acompanhando a cobertura do Henrique no MWC 2012, deu pra notar que o pessoal de Espoo conseguiu fazer barulho com o anúncio do seu novo smartphone Nokia 808 PureView que, ao contrário de alguns concorrentes, não se limita a oferecer mais do mesmo e sim algo realmente novo que pode revolucionar o conceito de fotografia casual — para o lado bom, diga-se de passagem.
A primeira grande sacada dessa nova tecnologia é o seu sensor de imagem de 41 megapixels com resolução nativa de 7.728 x 5.368 pixels que a empresa afirma ser 5 vezes maior que o usado pela concorrência.
Interessante notar que devido à forma do sensor não é possível utilizar todos esses pontos de imagem ao mesmo tempo já que para tirar o máximo proveito da largura é necessário abrir mão da altura e vice-versa, resultando assim em duas resoluções máximas: 7.152 x 5.368 pixels (38 megapixels) no formato de tela 4:3 0u 7.728 x 4.354 (34 megapixels) no formato 16:9. Interessante observar que a Panasonic adotou uma solução semelhante na sua linha de câmeras Lumix LX3/LX5.
Ai pode surgir a dúvida: para que serve uma câmera de celular capaz de capturar imagens do tamanho de um outdoor, além de entupir o cartão de memória?
A resposta nesse caso é que o 808 PureView tira proveito de toda essa informação visual de duas maneiras: a primeira é o chamado Oversampling, que é algo como uma “interpolação ao contrário”: em vez de criar um pixel de imagem a partir de um pixel capturado pelo sensor, o PureView combina a informação de vários pixels para gerar um “superpixel” mais sensível e capaz de capturar cenas com mais clareza e menos ruído, por sinal um recurso já explorado pelas câmeras da Fuji, como a Finepix X-10.
Com isso, o PureView abre mão da resolução máxima em favor de melhor qualidade de imagem e mesmo que a resolução caia para 5 megapixels, trata-se de um tamanho ainda bastante útil para a maioria das aplicações do dia a dia. E caso seja necessário, a câmera pode armazenar a imagem na sua resolução máxima (em 34 MP ou 38 MP) para ser tratada posteriormente.
Já a segunda maneira de tirar proveito desses 41 MP de informação é fazer o chamado “zoom digital“, que nada mais é do que selecionar e recortar uma parte da imagem dentro da foto capturada e criar uma nova sem perder a qualidade (já que a original é bem grande).
Para facilitar a vida do consumidor, a Nokia desenvolveu um recurso batizado de Slide Zoom, que simplifica esse procedimento de enquadrar e aproximar a imagem em até 3x no registro de fotos, 4x na captura de vídeos em full HD 1080p, 6x em vídeo HD 720p e até 12x no novo formato nHD (640 x 360 pixels). E por ser um processo totalmente eletrônico, esse sistema de Zoom é totalmente suave e silencioso.
Essa abordagem é muito interessante, já que a maneira mais usual de aproximar a imagem é por meio de interpolação de imagem (e consequente degradação da mesma) ou com o uso de objetivas com zoom (algo meio incômodo em celulares). De fato, graças ao PureView a sua lente Carl Zeiss de 8,02 mm de cinco elementos aesféricos em um único grupo é bem luminosa (f/2.4) e equivale a uma grande angular de 26 mm (em 16:9) ou 28 mm (em 4:3) em câmeras 35mm. A vantagem dessa distância focal é que ela proporciona uma grande profundidade de campo de modo que qualquer assunto a 15 cm da lente até o infinito está praticamente em foco.
Para situações de muita claridade, o sistema conta com um filtro ND embutido que pode ser automaticamente acionado.
Desse modo, a Nokia rompe com as limitações de qualidade das câmeras de celular com zoom digital e até da complexidade das câmeras de bolso com zoom óptico, abrindo para si uma nova maneira de como capturar e processar imagens.
E isso sim é inovação.
Postar um comentário