Posted by : dR.mIX² terça-feira, outubro 04, 2011




ilustração: @fernandomosca
Richard Dawkins
Bem, muita gente hoje, você já notou. Permita-me incluir mais um na conversa. Em 1976, o zoólogo evolucionista Richard Dawkins assombrou o mundo com o seu livro: “O gene egoísta”. O motivo? Não somos especiais, mas tudo dito de um jeito bem especial e carinhoso por ele. Ou melhor, até somos, mas só para nossos genes; só como receptáculos de um motinho de informação genética que quer a todo custo se multiplicar. Somos só a parte carnuda, vistosa (alguns nem isso), dispensável e que irá apodrecer da fruta. Os genes foram tão fundo nisso que criaram um organismo tão complexo como, por exemplo, o do Rafinha Bastos. Mas não é isso que gostaria de lembrar do livro. E sim um capítulo sobre os “memes”.
Darwin
De um jeito grotesco, um gene é como um meme. Enquanto o primeiro é o veículo que importa para a manutenção da vida e da evolução, o meme é o responsável por ser a unidade básica de uma ideia, o tijolinho do imaginário coletivo e da evolução cultural. Um meme é aquilo que em nossa mente tem a capacidade de se auto reproduzir, como o DNA, ou no caso, como um vírus, se propagando de mente em mente e contaminando tudo: pode ser o refrão da Eguinha Pocotó, a vontade de se criar o estado palestino (ou destruí-lo), ou uma piada banal, fora de hora (mas, detalhe, no horário nobre) como: “Eu como ela e o bebê”.
Christiane Torloni
O que me lembra a Christiane Torloni, que só está neste texto pela cota de atores globais exigida para dar Ibope (um imperativo de nossa cultura). E também porque a cada ano ela está mais linda, um bebê, cuti cuti. Um bebê que foi devorado (incorporado) semana passada por todos, em todas as mídias sociais exatamente porque iniciou um novo bordão, ou novo meme: _ Hoje é dia de rock, bebê! Que nos desculpem a Claudinha Leite. Notaram? Uma bobagem como essa virou capa até no UOL. É que o humor é a via mais fácil para o tráfego dos memes.
Tarsila do Amaral
Tarsila do Amaral ficaria feliz de viver os tempos do Facebook, Twitter e Youtube. Seu movimento antropofágico nunca foi tão moderno. Mesmo que o pessoal o tem usado ao contrário. O que ela propunha era que a gente, como num ritual canibal em que você digere e absorve as qualidades supostas do outro, comesse as referências lá de fora para criarmos algo nosso, maior. Mas agora essa fome toda tem criado uma mentalidade média sem lugar nem tempo, em que tudo é possível de degustação (e crítica) e por isso mesmo capaz de nos dar vômito e diarreia. Comemos de tudo, só que mais que saúde, obtemos é gordura localizada. Principalmente na cabeça. E, claro, continuamos reclamando de barriga cheia.
Rafinha Bastos, Ronaldo e Claudinha Leite (de novo?)
Não é à toa que Rafinha Bastos, uma grande mente adaptada de nosso tempo, de tanta vontade de comer (ou só por força do hábito de falar merda; outro imperativo de nossa cultura) a Wanessa e o seu bebê, será comido pela influência do Ronaldinho na Band. Ou seja, Darwin de novo e a lei do mais forte, ou no caso, daquilo que nossa cultura aprendeu a reconhecer e a dar mais valor. Porque você sabe, o futebol está no topo da hierarquia. Acima do sertanejo ou do Axé da Claudinha Leite, acima até do stand up do brasileiro mais influente do Twitter. Ronaldo come Rafinha Bastos, que come Wanessa e o bebê, que já estava na boca da Crhistiane Torloni, que adora rock e que parece um desenho da Tarsila do Amaral de tão bem e doida que anda.
Enfim, é aquela coisa né, você pode falar o que quiser pra sua mãe, mas não reclame se ela te der um tapa na boca. É que liberdade de expressão é do universo do meme. Mas tomar porrada do mais forte é do universo do gene. Ou seja, é alguns milhares de anos contra 4 bilhões de anos.
Washington Olivetto
Bem, e o que tem a ver com isso o Washington Olivetto? Tenho uma teoria. Acho que tudo isso, toda essa confusão é memética demais para se crer nela. É abobrinha demais. Pra mim, tudo isso não passa de um instante na cabeça de Washington Olivetto. Um instante que será esquecido como tantos outros porque não vale o trabalho de uma reprodução, não vale a lida de se criar um vírus. Gosto de achar que tudo isso foi apenas um exercício de brainstorm do mestre, as primeiras ideias surgindo aleatoriamente para resolver a charada de um novo briefing para a Bombril. Se pelo menos o produto tivesse essa qualidade entre suas 1001, a de limpar lá no fundo nossa mente contaminada e nutrida por tantas ideias e assuntos que não nos levarão a lugar nenhum. Tudo isso enquanto a fruta apodrece.
Gosto de pensar que todo esse burburinho é apenas o rascunho que não deu certo, que não vingou para um slogan, e que é amassado com a folha em branco e jogado fora. Washington Olivetto se levanta, ainda olha para a lixeira e, como todo grande criador, fica feliz por não ter apego às primeiras ideias, porque ele sabe que elas são sempre um lixo.
Por Renato Cabral, sujeito a pisar a linha do palavrão. Mas sem ir além. Palavrinhas aqui não, caralho!

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