Posted by : dR.mIX² quinta-feira, março 31, 2011


Hoje, 31 de março, é o aniversário de 20 anos de Street Fighter II. E para honrar essa data importantíssima na história dos games, vamos lembrar um pouco do seu antecessor. Aquele que todo mundo finge que não existe.
Não há muitas séries em que uma sequência seja tão mais popular que a original a ponto de dominar completamente a memória das pessoas. Talvez Final Fantasy seja um exemplo, com a maioria das pessoas tendo seu primeiro contato com a série no sétimo episódio, ou até Zelda, que tem Link to the Past e Ocarina of Time como alguns dos seus games mais famosos.
Mas mesmo nesses casos, o primogênito ainda é lembrado e discutido. Reverenciado, honrado e amado por suas contribuições ao todo, até. Mas não aqui. Mesmo que haja um numeral indicando que Street Fighter II não é o primeiro jogo da série, poucos parecem se lembrar (ou se importar em conhecer) aquele que veio antes.
Lançado para os arcades em 1987, Street Fighter foi pioneiro em muita coisa. Foi o primeiro jogo de luta um-contra-um da Capcom. Foi, obviamente, o primeiro Street Fighter, dando início a uma das franquias mais lucrativas do mundo. Foi o primeiro game do gênero a ter ataques especiais e “magias”, o que é padrão até hoje. Foi o primeiro jogo de luta a usar seis botões. E foi também, acredite ou não, o primeiro projeto em que Keiji Inafune trabalhou: ele fez os desenhos dos personagens.
Mesmo sendo um tanto quanto obscuro, o jogo é bastante similar a SFII e ao que veio depois. O controle taz o mesmo layout de seis botões, e há o mesmo conceito de viajar pelo mundo espancando os lutadores de cada país. A Capcom ainda lançou uma versão especial do arcade com apenas dois grandes botões de borracha: um de chute e um de soco, e a intensidade do golpe dependia da força com que o jogador batesse no controle. O modelo foi abandonado rapidamente depois que as pessoas começaram a subir nas máquinas para jogar com os pés.
Os únicos personagens disponíveis são Ryu e Ken, mas não há tela de seleção, como hoje em dia. O Player 1 pega o japonês, o Player 2 pega o americano e fim de papo. Ambos têm os mesmos golpes – Shoryuken, Tatsumaki Senpukyaku e Hadouken, aqui conhecido também como “Dragon Fire” – e têm como objetivo final derrotar Sagat na Tailândia. O jogo é difícil de doer, mesmo que uma só magia tire quase metade da vida do adversário.
Além dos três, há outros oito lutadores controlados exclusivamente pelo computador. Apesar de alguns terem sido esquecidos pelo tempo, outros ganharam seu lugar em outros jogos da Capcom. Eagle, por exemplo, foi parar em Capcom Vs. SNK 2. Já Gen, Birdie e Adon viraram figurinhas carimbadas da série Street Fighter Alpha.
A versão para arcade foi adaptada para várias outras plataformas, como o Commodore 64, Amiga, PC e o TurboGrafx-CD, no qual foi rebatizado como “Fighting Street”. Atualmente, ele pode ser encontrado no Virtual Console do Wii.
Curiosamente, os dois responsáveis pela criação do jogo, Takashi Nishiyama e Hiroshi Matsumoto, abandonaram a Capcom poucos anos depois para fundar uma empresa chamada Shin Nihon Kikaku, também conhecida como SNK, e também conhecida como a produtora que ficou famosa com séries como The King of Fighters, Fatal Fury e Samurai Shodown – os maiores rivais de Street Fighter durante a década de 1990.
Mais interessante ainda é notar que, em 2000, quando a SNK começou a ir para o brejo, ambos saíram de lá para fundar a Dimps, empresa que anos depois viria a trabalhar em… Street Fighter IV.
Então por que o SF original não recebe o mérito de pioneiro na série de convenções e personagens que dominaram o gênero por duas décadas? Não é porque ele era um jogo ruim (apesar de ser), ou porque não fez sucesso. É simplesmente porque Street Fighter II foi tão bem sucedido como produto e, mais importante, causou um impacto cultural tão grande, que acabou ofuscando todo o resto da série.
Ainda assim, esse é praticamente o avô dos jogos de luta. Um avô meio esquecido ali no asilo, mas avô mesmo assim. É por causa dele que hoje damos Air Combos em Marvel Vs. Capcom 3, Fatalities em Mortal Kombat e Astral Finishes em BlazBlue. Quais outros games podem se gabar do mesmo?

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